quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Ser adulto ou ser feliz?

Amanhã faço 27 anos.

Não tenho carro, moro com meus pais e estou trabalhando por conta própria desde o início do ano, crescendo aos poucos. Só a última parte me importa. Pessoas normais  com a minha idade já trabalhariam de terno e gravata numa multinacional... Era isso que eu queria pra mim até um ano atrás ou menos.

Pessoas normais, quando adultas tendem a ficar muito sérias, talvez por viverem preocupadas demais com os problemas da vida, do trabalho, da escola dos filhos e a reunião de condomínio. Há certas coisas que nos envelhecem mas são essenciais, como criar um filho ou decidir se o papagaio do morador do 503 tem falado demais e se está mesmo incomodando aos demais condôminos. Ou é algo fundamental ou é uma besteira que nos faz perder preciosos minutos da nossa vida. Eu sinto que, desde que dobrei a casa dos 20, até então vivi tanta coisa que eu deveria ter ficado igual a uma uva passa. Se eu fizer um exame de consciência, talvez eu tenha errado mais do que acertado. No entanto, os erros foram escolhas com base em decisões que eu julgava acertadas. Por exemplo, ficar noivo aos 21 anos, sem ter formado na faculdade e sem ter um trabalho que me sustentasse! Mas a gente aprende. Hoje, casamento é algo distante pra mim. Vontade? Ah... Prefiro morar junto e fugir de toda aquela coisa cerimônia/recepção e babação de ovo. Morar junto deve ser melhor. Se der errado, cada um toma seu rumo e leva o que lhe pertence.

Agora, faltam 3 anos pra eu entrar nos 30. Crise de idade? Talvez um pouco, mas não vou encher minha cara de rugas por conta disso. Na cidade onde moro existe uma expressão que define como "Galo Velho" homens como eu (e mais velhos) que estão solteiros (leia-se: não estão casados) e morando com os pais. Todo ano minha mãe me diz: "É... vou ter que reforçar o poleiro daqui de casa, o galo tá ficando mais velho." 

Prefiro ser feliz a ser adulto. Nas situações em que é preciso ser e agir como um adulto consciente, eu sou. Mas não consigo por exemplo, ser aquele homem que está por demais preocupado com política, com crise de mercado ou, como é comum aqui em Dores de Campos, preocupado também com a vida dos outros. 

Na minha visão, ser adulto é ser consciente, é ser honesto, saber ouvir, saber quando não falar e quando ensinar. É estar ali (seja onde for) pelos outros, e não por mim mesmo. Mas viver a felicidade é não abrir mão de fazer o que eu quiser, como eu quiser e onde eu quiser, mesmo que seja alguma coisa estranha pra um adulto. Mas é minha vontade, é o momento que importa. Então, devo me prender a conceitos antiquados de que "você não acha que é bem grandinho pra isso?" ou me preocupar com o que uma sociedade imbecil vai falar de mim e não fazer o que quero por receio? 

Eu tenho minhas aspirações e, como um adulto, crescido, maduro e consciente, eu quero mais é ser feliz. Não importa nem como e nem onde.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Quando você faz tudo com seus amigos, o que fazer quando fica sozinho?

"Amigos não existem, isso é uma coisa que você colocou na sua cabeça!". Com essa frase, meu pai sepultou uma conversa que estávamos tendo num determinado momento, pois eu não vejo dessa maneira. Amigos, muitas vezes (quando não todas as vezes) sabem mais sobre nós do que nossos pais, ou sobre nós mesmos. 

E, quando tudo que nós fazemos na vida envolve nossos amigos dá pra dizer que isso é coisa da minha cabeça? Tem amigos que são como cola, onde um está o outro também está e isso é ótimo! Companheiro de farra e de ressaca! Vem aquele chamado no MSN ou no telefone: "Ô Philippe, vai sair na sexta? Vamo pro bar do Nô?". Sempre a mesma galera, cada vez mais agarrada. Ou então, um grito de socorro via internet... "Carlos, meu PC tá fervendo...me dá uma força!"... e o "coitado" do Rodrigo, meu psicólogo virtual que sempre me diz "Pô Marco Aurélio, outra vez?". Ele sabe que não é só olhos pra ler minhas lamúrias, mas é um baita companheiro, que assim como o Carlos, está a "milhas e milhas distante". 

Temos todos os tipos de amigo, em todos os tipos de momento - inclusive vários tópicos previstos para colocar aqui sobre o tema amizade - mas, o que nós fazemos quando enfim, chegamos em casa depois de encontrar e nos divertir com nossos amigos? Ou quando você não os acompanha em algum lugar? Tudo bem, não temos tão poucos amigos assim a ponto de TODOS sumirem AO MESMO TEMPO. Mas dá pra ter uma noção, daquele momento onde você senta e escuta um CD do The Doors que só você gosta ou ouvir um CD do Syd Barrett no auge da loucura e no fim da carreira, e percebe até a parede do seu quarto mudando de cor e de forma (por favor, sem piadas sobre drogas), um sentimento interno que, nesses momentos de paz de espírito eu defino como redenção, como alma limpa, uma consciência (semi)tranquila... Olhar pela janela e ter um pensamento de satisfação! E em seguida, um pensamento mórbido: não posso terminar minha vida agora pois tenho tudo que eu sempre quis! E a sensação de que se algo de ruim acontecer comigo ou com qualquer um dos meus amigos a redenção, a nossa individualidade coletiva vai ficar vazia. Nada pode ser perdido enquanto vivemos e somos nós. Nada se perde enquanto houver um amigo em quem acreditar.

E em nenhum momento você está realmente só - Deus é onipresente, ok, mas não é esse o assunto - você só precisa de um momento seu. 

Amigos como todos os que eu tenho se fazem especiais em todos os momentos. Mesmo na distância e na ausência, existem amigos e amigas aqui em Dores, em São João del-Rei, em Sete Lagoas, em São Paulo, em São José dos Campos, num aeroporto mundo afora pessoas que são reais e que pelas quais eu penso todos os dias e torço que cada um de seus dias seja melhor que o anterior, e que sejam todos plenamente felizes.

Abraços a todos
aureliomasr



quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Dois anos de Blog!

Ainda faltam alguns dias para completar dois anos do primeiro post, que foi em 16/08/2008, mas não posso deixar de ter motivos pra comemorar e... no embalo do post de ontem, ser nostálgico!

Primeiro de tudo... Eu!

À esquerda, em 2008. À direita em 2010. Pouca diferença.

Não me lembro o que me motivou a criar um blog. Talvez foi por visitar o blog do Rodrigo, ou por precisar de uma válvula de escape para escrever, pois em 2008 minha banda estava entre vários altos e baixos. De 2008 pra cá o que escrevi nesse blog mudou tanto quanto eu, o que justifica o título dele, "O Novo, O Velho e O Amanhã". Cada um a seu tempo, cada um no seu lugar e sabendo que amanhã não vai, não pode e eu não quero que seja igual ao velho e nem ao novo. 

Então, resolvi... vou fazer um blog... e minha intenção era publicar textos e minha visão sobre o mundo corporativo, afinal, eu trabalhava numa empresa de grande porte. Queria fazer estudos sobre Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais, Logística e por aí vai. Eu estava preparando pra entrar no último ano de faculdade e preparando pra me formar, fazendo relatório de estágio, lendo muito Você S/A, almejando passar num programa de trainee numa multinacional... 

Esse Marco Aurélio aí serve pra vocês?


Funcionário. Empregado. Minha cabeça fervia de ideias e eu ganhava até que bem, pra quem só tinha que pagar a faculdade, a internet e as farras. Essa foto aí é de 2007...

E esses Marco Aurélio, versão 2010?

 
Bem melhor... só não tá ganhando ainda o que ganhava no emprego anterior. Mas sem distúrbio de ATM, sem distúrbio de sono, sem bruxismo... sem stress... Fundador do Buteco do Curélio...filmando bandas, tocando em banda... As opções que abri mão no texto do curta Pra Eu Não Me Perder agora se provam erradas pois não sou mais limitado. Escolho todas as opções, todas as oportunidades e me sinto mais vivo que nunca.

Hoje o que move o blog é meu dia a dia, meus textos, meus desabafos, erros, acertos, descobertas, reflexões    sobre isso tudo... Sobre as pessoas que passam na minha vida, sobre as lições que a música traz pra mim, sobre o que certos filmes podem fazer com a gente. 

Foram dois anos de lá pra cá, muito intensos, e, cada pessoa citada aqui, cada amigo ou irmão, cada cliente que atendi, cada banda que acompanhei na estrada e nos palcos, com ou sem nome, com ou sem foto e que sabe da sua parte na minha vida nesse período, eu só posso agradecer, pois se uma hora eu caí, algum de vocês me fez levantar. Se eu estava pensando muito alto, algum de vocês me fez aterrisar. Se eu tiver que me comparar comigo mesmo há dois anos, eu não acho que tenha mudado, mas eu melhorei, me corrigi. Errar todo mundo erra, mas a gente aprende e cresce.

E assim, O Novo, O Velho e O Amanhã é nada mais do que a minha evolução. Cada dia eu sou uma pessoa nova e me sinto melhor com isso.

Obrigado a todos que fizeram desses dois anos os melhores, e de 2010 o melhor ano da minha vida.

Marco Aurélio.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Às Voltas Com O Tempo


O ano de 2010 parece ser um ano de re-descobertas, ou então, algum tipo de ciclo que se fecha em intersecção com outro que se inicia. Desde que me mudei pra Dores em 2002 fiz muitas amizades, e várias delas em função de estar tocando em alguma banda... foi assim com o Cleyton, com Ricardo, com Saulo, com o Du e o Jeffé. Com exceção do Saulo, de todos os outros por vários motivos, houve um período de afastamento. Não por brigas, desentendimento ou coisas do tipo. Mas obra do acaso, obra dos círculos de amizade terem mudado pelo fato de eu ter ficado um tempo sem tocar.

Vasiq em 2004 - Jeffé, eu, Du, Ricardo e Cleyton
Nesse meio tempo, o Cleyton em 2005 foi pra Ouro Preto estudar, pouco tempo depois o Ricardo se mandou pro Rio. Eu e o Saulo sempre estivemos próximos desde 2005/2006. Com ou sem banda. Assim como o Juninho, depois da banda, nossa amizade solidificou de vez.
Mas eis que 2010 entrou, com ele, um trabalho novo e o registro do documentário da Left Behind, o que me trouxe de volta à convivência com o Du e o Jeffé, meus antigos parceiros de banda, desde os tempos do Vasiq em 2006 e hoje em dia voltamos àquela amizade, respeito e colaboração com o outro, como antes.

Assim como eu, no final do ano passado, o Cleyton se formou, e por vários motivos, voltou pra Dores. E, por fim ele me convidou para participar de um projeto musical que ele está montando. Agora, temos com outros parceiros uma banda que pode vir a dar muito certo.
Icarus em 2006 - Eu, Ricardo e Cleyton
...e o Saulo na bateria


Desplacados em 2007 - Juninho, eu, Rafael e PC na bateria
E, ontem, indo à aula em São João, fui no ônibus conversando com o Ricardo, sobre vários assuntos, muitas lembranças da nossa estrada. Diante de todos esses laços que estão sendo reforçados, colados, consertados e principalmente, continuados, eu não consigo pensar em outra coisa a não ser que a história se repete... e se repete no ritmo das músicas que compusemos, que tocamos... desde os tempos do Vasiq com "Pessoas", "Viagem Insana", "Al-Anon, All Alone" e "27"... Passando pelo Icarus com "The Madcap Blues", "Sleeping Song" e "The Time That Time Has" e chegando aos Desplacados com "Dentes Quebrados", "Vamos Badalar", "Sete Minutos Pra Meia Noite", "Al-Anon, All Alone", "Sem Jeito e Sem Chance" e "Dentro de Seu Redor"...

As melhores amizades são aquelas que acontecem na hora certa... e nessa embolada toda vieram (e que ficaram desde então) grandes amigos como Philippe (que já é meu irmão), Deleon, Lucas, André, Edmilson, Rafael, PC, Silas...e sem esquecer do Fredd, que tá tocando seu violão lá em cima e cuidando da gente.

No orkut existe uma comunidade chamada "Mulher de músico é a música"... e é a pura verdade... em tantos anos, tantos amigos foram e voltaram, algumas tantas paixões e amores passaram, mas a única coisa que permaneceu foi a música. E os amigos estão sempre ali, e eu estou sempre aí, próximos, curiosos e disponíveis para dar um passo ou um pulo adiante.

Que este ciclo continue trazendo as novidades que trouxe em 2010, e me surpreenda cada vez mais.

Crucible em 2005 - banda criada com a minha
saída do Vasiq.
Primeira formação da Icarus em 2005, com o Vasique na guitarra, junto com
Cleyton, Saulo, eu e Ricardo. (Cleyton e Ricardo saíram da Crucible)

Desplacados em 2007, com Fredd e Silas nas guitarras.

Desplacados em 2007, já sem o Fredd e com o Rafael de volta.
Ensaio Desplacados no cômodo... melhor época foram
os ensaios nesse cômodo. Tanto com a Icarus quanto
com Desplacados.

Feedback em 2010, retomada da parceria com o Cleyton.


abraços a todos os leitores invisíveis, e em especial aos meus bons amigos e irmãos.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Quem Está Na Sua Frente?

O tema relacionamento é uma constante aqui no blog, tanto pelas partes boas, quanto pelas frustrações, e é verdade que erro a mão, me exponho muito e, sem saber alguém ainda pode se sentir ofendido. E é fato que isso aconteceu por causa do "Mea Culpa" que fiz essa semana.

Mas, como diz uma música do King Crimson, "Confusion will be my epitaph". Ando a olhar pra todos os lados, a enxergar um mar de possibilidades em cada porta que abro, em cada trabalho novo que executo. A independência tem um sabor de vitória, e cada nova conquista, cada novo cliente tem um sabor especial, pois é reconhecimento, é apreciação do seu trabalho, pouco importando se quem está na minha frente tem um equipamento mais moderno ou tantos anos a mais de experiência no mercado. 

Então, cada novo trabalho me coloca os pés no chão com relação aos relacionamentos que por ventura tive (ou venha a ter). Ser autônomo, independente, empreendedor é não ter hora pra trabalhar, e várias vezes ter que cancelar planos ou não estar disponível, é aprender a gerir meu tempo de forma produtiva e que ainda sobre algum para me divertir. Sendo assim, quando percebo que as coisas ficam mais intensas, ligo um alerta em mim que diz: "Avise-a para que você não tenha problemas ou seja obrigado a fazer a opção errada." Entendam como opção errada eu deixar de trabalhar num sábado à noite - por exemplo - para poder ir a alguma festa. É preciso saber abrir mão, e eu aprendi com isso a me colocar mais ainda em primeiro plano. Ou seja, não importa quem está na minha frente, do meu lado ou atrás de mim. Importa quem está comigo nessa empreitada. Que entende, e apoia. 

Tive a sorte de conhecer algumas mulheres que se mostraram compreensíveis e que me apoiaram. Outras, eram indiferentes. Então, eu não preciso me preocupar, afinal, todo trabalho que exige um pouco de esforço criativo tem sua musa. E pode ser que ela esteja bem ali na minha frente, na minha cabeça. Pode ser que ela mude com o tempo. Pode ser que ela fique por aqui mais tempo, mas cada musa se torna um amuleto e uma parte importante a quem eu agradeço pela sorte que me dá e por vivenciar aquele momento, aquela conquista e comemorar juntos. 

Recentemente, desabafei com uma pessoa sobre as preocupações latentes que expus no texto Soy, publicado há um mês. E me surpreendeu o fato de que tudo que essa pessoa me disse fez todo sentido: "Você diz que está sem grana e ainda tá dando jeito de gastar mais? Sossega!", "Isso é fase, logo melhora.". Então eu percebi que a minha impulsividade é meu mal, minha falha maior e alguém que você menos espera, quem você mal conhece lhe dá uma lavada de cara com toda classe e sem saber que está lavando até minha alma... Foi ótimo não ir em Ibitipoca com meus irmãos e passar o domingo trabalhando. Domingo agora tenho duas festas, numa delas vou trabalhar, e com isso chego atrasado na outra, mas chego de alma limpa, consciência tranquila e sensação de dever cumprido. Há pessoas que sabem fazer a diferença na nossa vida, mesmo que esta não tenha sido a sua intenção. Praticar uma boa ação é uma constante na vida desse tipo de pessoa, e assim eu tento viver meus dias.

Sim, isso tudo soa estranho e confuso, eu sei, mas assim é a vida. Relacionamentos são como o mercado... ora está por cima, bombando de oportunidades, ora está retraído e em crise. Mas tudo se supera. Com o tempo e decisões corretas, chegaremos ao ponto de equilíbrio.

Na minha frente hoje só há a perseverança, e dessa musa, jamais passarei por cima. Musa por musa, esta é a que eu vejo quando fecho meus olhos.

Abraços a meus leitores invisíveis.
aureliomasr