quarta-feira, 9 de junho de 2010

Explicação do Post Anterior

Descobri esses dias um buraco ideológico que me separa dos meus pais e de muita gente com mais de 40 anos. Na divergência entre a minha forma de pensar e a deles. E não, não se trata de rebeldia da minha parte. Não tenho mais 15 anos.

Uns dias atrás conheci um casal de hippies que estava passando aqui por Dores de Campos, onde moro. Comecei a bater papo com eles, pois gosto de conhecer como esse pessoal vive e pensa. Eu, se tivesse um pouco mais de coragem - e habilidade com as mãos - colocaria meus pés no mundo, no melhor estilo Na Natureza Selvagem. E a conversa com o casal hippie vingou de tal modo que eu os trouxe pra minha casa afim deles fazerem uma tatuagem na minha perna. O pagamento? Dei um cobertor, uma calça e meu mp4 pra eles. Na segunda-feira, eles vieram atrás de mim para ver se estava tudo ok com a tatoo e pegar algumas musicas no meu computador. Da primeira vez, ficamos na garagem de casa. Da segunda, ambos estavam dentro da minha casa, no meu quarto, assentados na minha cama. 

E isso me rendeu uma baita comida de rabo dos meus pais. E com razão, na razão deles. Mas não os julgo mal, eles têm preconceito e sua cabeça está fechada demais para conhecer novos horizontes.

Mas a diferença está no fato dos meus pais se enquadrarem no grupo de pessoas que julgam mal estranhos e "diferentes" sem conhecê-los. Para eles, por exemplo, hippies são vagabundos que fazem cordão de coquinho pra comprar maconha. Meus pais não têm amigos, enquanto o que eu mais valorizo são meus amigos. E ouvi da boca do meu pai: "amigos não existem, isso é invenção da sua cabeça". Aquilo pesou pra mim, pois na minha concepção, todo o tempo que eles estiveram preocupados em "me dar coisas" ou "me criar", eu aprendi que conquistar as pessoas é muito mais bonito e me recompensava muito mais do que as coisas que temos, compramos ou ganhamos. Essas não duram. Não ficam. Amizade, consideração, respeito sim. Estes permanecem. Se na situação dos hippies a casa fosse só minha, eles teriam dormido na minha casa, usado meu banheiro e comido da minha comida. E, enquanto eles estiveram aqui, dei pão, queijo e suco. Eles devoraram tudo... Meio quilo de mussarela. Ótimo pra mim. Com fome eles não ficaram. Que mal há em ajudar uma pessoa que dorme na rua por opção e não por malandragem? Pessoas que fizeram uma escolha de vida onde elas são livres de julgamentos, não têm apego nenhum à nada material... Eu admiro essas pessoas por saber que eu dificilmente abriria mão do conforto do meu quarto, mesmo que nele existisse somente um aparelho de som e um colchão no chão. 

E o que passa na minha cabeça? Por menos que o casal Neil e Patrícia se lembre de mim daqui a algum tempo, eu fiz algo por eles. E eles fizeram por mim. E assim nós fazemos a diferença na vida de outra pessoa, na nossa vida... E o mais importante: sem esperar que alguém faça o mesmo por nós. Assim sou eu. Assim eu vivo e me faço feliz. Não vejo caridade em nada disso, sinto satisfação em conhecer novos mundos, novas pessoas e deixar minha marca na vida delas.

Coincidentemente, hoje eu escutei "Imagine" do John Lennon, e um verso me chamou a atenção: "Imagine no possessions / I wonder if you can". É aí onde eu aprendi a me colocar no meu lugar. Sou feliz da forma que sou, com o pouco que tenho e honestamente... Inutilia Truncat. Corte os excessos, elimine o que for inútil. Já temos lixo e poluição demais no mundo. Eu não quero ser mais um animal compulsivo passivo agressivo. 

Eu quero ser eu mesmo, com minha filosofia de vida e pouco medo do que há por vir. A vida é curta demais para nos preocuparmos com o ter. Não devemos esquecer de ser, mas principalmente...devemos sempre APRENDER A CRESCER.

O poema que dá título a este blog foi publicado no primeiro post, em 2008, mas republico-o aqui e explico pela primeira vez do que ele se trata. Eu pensei em computadores e como eu não tinha computador e via no jornal que assinávamos anúncios de vários modelos e configurações (bons tempos do Pentium II). E também como a cada semana os novos computadores haviam evoluído em relação aos da semana anterior. E hoje temos essa pilha de lixo eletrônico amontoada, uma pilha de informações descartadas e, profissionais que outrora estavam no alto escalão e que por falta de atualização se tornaram obsoletos frente aos jovens profissionais (isso aconteceu com meu pai). Por isso, Amanhã o Novo toma o lugar do Velho, que não viu o dia nascer e se perdeu.


O Novo, O Velho e O Amanhã



O novo, o velho e o amanhã.

Quando o novo envelheceu

O novo, o velho e o amanhã

Se não, quem serei eu?



O velho foi e não voltou

Pediu para ir e não voltar

O velho veio e se acabou

Pediu a Deus para se calar



O novo veio e não ficou

Olhou para os lados a chorar

O novo veio e nem chegou

Já era a hora de mudar



O novo, o velho e o amanhã

Mudando tudo menos eu

O amanhã, o velho e eu.

Queria tudo e o mais novo



E o amanhã se recriou

E sem o Sol amanheceu

Não viu o velho e chorou

Perdeu o novo e se escondeu

Abraços aos meus leitores invisíveis
aureliomasr

6 comentários:

Bruno Daniel disse...

Uma de suas melhores produções do tipo "texto-desabafo" que já li. Parabéns!

E o poema... gostei muito!

Abraços and keep walking, quer dizer, keep writing, digo, keep THINKING.

Anônimo disse...

social, carnívoro e, com certeza, NÂO abandonado!
parabéns!

Junão disse...

Acho que vou acabar perdendo um amigo para o mundo.... ashuashuashua!!
Show de bola irmão!!

Rodrigo Fonseca disse...

Eu já gostava do poema do primeiro poste, com a explicação fez mais sentido, gostei mais!
Como disse o bruno, belo texto-desabafo! ah, posta uma foto da tatoo nova pra gente ver como ficou.

Unknown disse...

"Uma de suas melhores produções do tipo "texto-desabafo" que já li. Parabéns!" concooordo de mais com o Bruno... ficou super-hiper-mega show ! =D

Letícia disse...

Também gostei e vou confessar uma coisa: só gosto de poemas quando eu consigo entendê-los. E o seu faz todo o sentido, mesmo sem a explicação dos computadores. Legal mesmo!

Ps: Vou confessar outra coisa: gosto de entender o dos outros, mas não gosto de explicar meus próprios poemas. Hehe.