quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Enjoy The Silence

Canso de repetir pra mim mesmo, fique em silêncio. Guarde suas experiências ou conquistas dentro de si e comente-as somente quando (achar que) for devido.
Vai ter que ser assim mesmo. Não é desconfiar de quem está próximo de mim, mas o meu lema agora é

"Prosperidade caminha em silêncio".

Não mais abrirei desnecessariamente minhas conquistas. "Comentar" inocentemente com um ou outro está me custando muito... mau-olhado, olho-gordo, praga, inveja...



E quiçá, minha saúde.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Versão Brasileira?

Há alguns dias atrás rolou um show do Capital Inicial numa cidade próxima aqui de Dores de Campos e muitas pessoas, inlcusive amigos meus foram. Eu não fui pois mês que vem tem show do Pouca Vogal (Gessinger + Leindecker) e honestamente, esses dois estão num patamar musical muito superior ao que o Capital fez após o Acústico MTV. O povo daqui em geral ainda está com a febre "capital", que logo deverá ser superada pela febre do Jota Quest que em algumas semanas fará um show em São João del Rei.

Mas o que mais me intriga em algumas vezes é o desconhecimento das pessoas sobre algumas músicas cruciais na carreira de um artista. E mais ainda, será que o frontman da banda, Sr. Dinho Ouro Preto quer colher os louros da vitória sobre algo que não é dele, e nem a iniciativa foi dele?

Eu odeio até o fundo da minha alma a versão da música "À Sua Maneira" interpretada pelo Capital. Ah...você não sabia disso? Achou que a música era do Capital? Sinto muito.

"De Musica Ligera" é da banda argentina Soda Stereo, lançada em 1990 no álbum Canción Animal e foi eleita a quarta melhor música de rock latino da década de 90. A mesma música foi regravada em 1996, no álbum Nove Luas pelos Paralamas do Sucesso, com o mesmo nome e tradução mais próxima à letra original. O líder do Soda Stereo, Gustavo Cerati, é um parceiro de longa data de Herbert Viana, do Paralamas. O que o Capital fez foi adequar uma música ligeira à maneira deles. E, na minha opinião, cometeram um erro crasso. O Capital lançou "À Sua Maneira" em 2002 no álbum "Rosas e Vinho Tinto". 

Abaixo, para que vocês comparem, estão vídeos das três músicas, todas em suas versões de estúdio, para que as comparações sejam justas. Soda Stereo executando De Musica Ligera, o áudio do Paralamas no CD Nove Luas e o clipe do Capital Inicial tocando "À Sua Maneira". Em seguida, as letras em português comparadas ao original, em espanhol. E eu não vou comparar só porque o Paralamas canta "de música ligeira" no refrão, enquanto o Capital canta "à sua maneira". Mas para mostrar que certas coisas não deveriam nunca ser feitas.

Comparando as letras: "De Musica Ligera" (Soda Stereo) X "De Música Ligeira" (Paralamas do Sucesso)

Primeira Parte:
Ella durmió al calor de las masas
y yo desperté queriendo soñarla. 
Algún tiempo atrás pensé en escribirle
que nunca sortée las trampas del amor. 


Ela deitou, seu calor se espalhava
Eu despertei e ainda sonhava
Algum tempo atrás, escrevi numa carta
Que nunca escolhi as armas do amor


E então? Herbert e Cia adaptaram a letra não só pela fonética e pela métrica dos versos, mas também certas palavras traduzidas ao pé da letra não cairiam bem melodicamente, mas percebam que a essência da música permanece inalterada... Segundo o Michaelis, "masa" é mistura, volume, conjunto, massa e "trampa" é armadilha, artifício. Ou seja, as palavras usadas por Herbert Viana estão dentro do contexto lírico do original e ainda é uma música que fala do amor por alguém, mas não tem nada da pieguice romântica usual de muitas das canções dos anos 2000 lançada pelo Capital Inicial.

Segunda Parte:
No le enviaré cenizas de rosas, 
ni pienso evitar un roce secreto. 


Não lhe enviarei mentiras e rosas
Nem penso evitar o toque secreto

Aqui perdemos somente uma palavra: “cenizas” (cinzas) foi trocada por mentiras. Um diferença razoável, mas que em nada altera a música como um todo.

Refrão:
De aquel amor de música ligera
nada nos libra, nada más queda.


E daquele amor de música ligeira
Nada nos livra, nada mais resta.


Preciso falar alguma coisa?

Comparando as letras de “De Musica Ligera” (Soda Stereo) X “À Sua Maneira” (Capital Inicial)

Primeira Parte:
Ella durmió al calor de las masas
y yo desperté queriendo soñarla. 
Algún tiempo atrás pensé en escribirle
que nunca sortée las trampas del amor. 


Ela dormiu no calor dos meus braços
E eu acordei sem saber se era um sonho
Algum tempo atrás pensei em te dizer

Que eu nunca cai nas suas armadilhas de amor...

Vamos lá: o calor das massas, um calor que se espalha foi transformado no “calor dos meus braços”. Acordar sem saber se era um sonho enquanto o Soda ainda iria sonhar com ela. As armas e artifícios do amor expostas pelo Soda e Paralamas viraram joguinhos de música sertaneja com a palavra “armadilhas”. Assim, a música não fica densa com uma palavra forte (armas) e mais fácil para o povão inculto engolir.

Segunda Parte:
No le enviaré cenizas de rosas, 
ni pienso evitar un roce secreto. 

  
Não mandarei cinzas de rosas
Nem penso em contar os nossos segredos


Aqui, ponto para o Capital Inicial, que seguiu a letra original ao cantar as cinzas de rosas (mas também, talvez para ficar “diferente” da versão do Paralamas). Mas esse ponto ganho é perdido, deturpado e assassinado ao cantar “nem penso em contar os nossos segredos”. Quem falou em contar segredos??? A música ligeira é o amor passageiro, um amor fugaz, com a mesma duração da música” Não dá tempo de ter segredos a serem contados! O segredo é a relação rápida, um toque secreto que dá arrepios na pele e que ambos sabem do que se trata. Não tem segredo nenhum a ser contado Dinho!

Refrão (a pior parte):
De aquel amor de música ligera
nada nos libra, nada más queda.


Naquele amor à sua maneira
Perdendo o meu tempo a noite inteira...


Essa parte dispensa qualquer comentário. Simplesmente terrível. Não perco meu tempo ouvindo esta versão do Capital.

Aqui temos somente a comparação das letras. Quem tiver paciência e curiosidade abaixo estão as três músicas em suas versões originais. Para o Soda Stereo e Capital estão os clipes oficiais. A qualidade e produção dos vídeos não é passível de comparação, dada a diferença de 12 anos entre os respectivos lançamentos. O Paralamas nunca lançou clipe oficial para esta música.

(Preferi não incorporar os clipes dessa vez, para evitar um post extenso)

  


Xingamentos pelo meu radicalismo nos comentários em 3...2...1...

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Quanto a gente vale? Quanto custa uma atitude?

Eu não sou do tipo de pessoa que se impressiona com facilidade, acho que tenho o estômago forte. Mas há certas situações que me fazem pensar quanto vale o ser humano, aquele que se acha um forte indestrutível. E quanto vale a humanidade que faz vista grossa para certas coisas. 

As usual, vou explicar. 

Em um espaço de tempo de duas semanas, que eu me lembre, me deparei com duas situações de auto-destruição, se assim podemos dizer. A primeira foi em Barbacena. Na situação, eu estava sentado num ponto de ônibus esperando para voltar pra casa e conversando com um conhecido que estuda comigo em São João del Rei no Conservatório de Música e que esperava pelo mesmo ônibus que eu iria pegar. Do nada, surge um homem, mancando e simplesmente deitou no chão, à nossa frente. Ele deitou, como se deita numa cama. Ele não caiu, nem tropeçou. Um momento de silêncio, eu e o Delmário nos olhamos sem entender nada daquilo. Ele então comentou: "É goró." E realmente, o cara exalava um odor etílico, como dizem os policiais. No ponto que estávamos, além de nós dois estavam mais umas 10 pessoas, e as pessoas olhavam aquilo como se fosse nada, algumas pessoas que transitavam pela calçada, pulavam por cima daquele corpo no chão. E eu, pensando o tempo todo "o que eu faço? O que eu faço?". Havia dentro de mim algo que me dizia, "Pô, dá uma mão pro cara, não custa nada... se ele não aceitar, pelo menos você tentou." 

Eu não tentei. Não tentei talvez por vergonha do que as outras pessoas poderiam pensar de mim. Não tentei talvez por preocupação em perder o ônibus. Eu só não fiz nada e fiquei com aquilo corroendo minha cabeça depois. Sempre tem alguém que comenta nessas horas... "O cara bebeu, tá cheio de problemas, tá afogando as mágoas no fundo do copo.". Mas eu acho que quem tem problemas são pessoas que, como eu, não agiram. Meu ônibus chegou, eu entrei, e o homem ficou lá, estendido no chão, debaixo de um sol escaldante.

Ontem, novamente. Eu estava em São João del Rei, pra cumprir uns compromissos profissionais, outro bêbado esticado na calçada. Dessa vez, as pessoas observavam de longe, da porta das lojas ali por perto. E eu fui um dos que passaram por cima sem tomar muito conhecimento do que estava se passando ali. Tudo bem que não dá pra salvar a pátria todo dia, e, eu estava sem almoço, precisando voltar pra casa e trabalhar.

Então, se pararmos pra pensar... nós só valemos aquilo que nos interessa. Em duas situações idênticas eu tive duas reações diferentes, pois, na primeira, foi diante de mim que tudo aconteceu. Na segunda, o cara já estava no chão e eu estava com pressa. Então, eu me tornei um daqueles transeuntes que vi em Barbacena, pulando por cima do bêbado no passeio. 

O que devemos fazer nessas horas? A mãe de uma grande amiga minha chama ela de "Madre Teresa de Calcutá", pois ela sempre ajuda seus amigos bêbados, reboca eles pra casa... Mas e aí? Não podemos simplesmente ajudar qualquer um ou DEVEMOS ajudar a todos em qualquer hora e qualquer lugar? Deveríamos, mas nem todos conseguem superar algumas barreiras como preconceito, pudor, orgulho e vergonha. 

Quem realmente vale alguma coisa são as pessoas que têm atitude, pois nós, quando não fazemos nada, também não valemos nada. Cada um tem seus problemas, suas fraquezas. Mas fracos são aqueles que conseguem ver isso tudo e não enxergar uma realidade triste e a falta de compaixão em si mesmo, e fazer alguma coisa. 

aureliomasr