domingo, 19 de abril de 2009

A Imagem que carregamos

Tipicamente, nas Semanas Santas, são celebradas missas,  e comumente, se o tempo permitir, há as procissões. Filas de pessoas em silêncio, orando, refletindo, celebrando e contando os passos.

E, em cidades do interior, as tradições costumam ser reforçadas com as imagens dos santos sendo carregadas por famílias tradicionais, costume que passa de geração para geração, e que às vezes vemos avós e netos carregando o mesmo andor.

É forte a imagem de uma família unida, participando da comunidade, da vida religiosa.

É forte o fato de que cada membro, cada um que carrega deve pagar um valor de R$ 2,00 à Igreja. É simbólico.

A Família carrega uma imagem durante a procissão, por alguns minutos, faz um sacrifício em nome de Deus,  da alma de Cristo ou o que seja. Uma Família se sacrifica para ficar junta nestes momentos. A Família se sacrifica para mostrar à comunidade que ainda existem.

Mas não permanecem.

Muitas, após a procissão se reúnem, conversam, tomam um café, um chá, um suco.

Qual a razão para se unir, carregar uma imagem sacra se, entre os que carregam, aquele que está à sua frente não lhe deseja nem “bom dia”, e, quando a imagem é passada para outra família (real ou imaginária), cada qual segue seu caminho, com seus amigos, seus companheiros, sem ao menos se despedirem. E ficou por isso mesmo. Por isso não esta família não permanece.

 O motivo deste afastamento não importa, mas, a meu ver o que importa é não manter estas aparências. Se a familia perdeu seu vínculo (e não sua base, ou não se esqueceu das origens), se a família perdeu o contato, se o relacionamento já não é o mesmo,  não será se expondo que suas diferenças serão resolvidas e o passado apagado. 

A imagem que carregamos em nosso semblante é fundamental para dizer se estamos em paz. Se compartilhamos humanismo e se ainda temos capacidade de dar as mãos a pais, mães, tios,  tias por amor, com um amor real. Não por mera conveniência. E, conveniência não cabe em uma família, mesmo que não a escolhamos. O que deve existir em uma família é a convivência. 

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